terça-feira, 29 de novembro de 2011

Quem está no comando?

Em uma discussão com um amigo de um fórum automotivo, entramos no assunto sobre aviação, pois ele é piloto e eu pretendo, se Deus quiser, me tornar mecânico dessas máquinas maravilhosas. Mas, apesar da paixão em comum, temos opiniões divergentes à respeito da filosofia de gerenciamento de voo, pois ele me disse que evita ao máximo voar em Airbus, porque acha que um computador não deve estar no comando da aeronave; já eu, me sentiria mais seguro sabendo que há um "cérebro eletrônico" que não deixa o cidadão na cabine fazer besteira. Não que o computador seja melhor que o piloto, mas penso que seja menos propício ao estresse, a auto-confiança exagerada ou até mesmo ao pânico durante uma situação não prevista.
Sabemos que o fator humano é o principal motivo em acidentes aéreos e os sistemas de gerenciamento de voo, utilizados por Airbus, Boeing e Embraer (com algumas diferenças) foram criados para auxiliar o piloto na difícil missão de comandar uma aeronave, diminuindo a carga de responsabilidades e prevenindo acidentes relacionados às atitudes mal avaliadas por parte do piloto. A explicação é muito complexa e extensa, mas só para ilustrar, se o piloto provocar uma atitude para a qual a aeronave não foi projetada, o gerenciador limita a ação dos comandos aplicados e não deixa que sejam ultrapassados os limites dinâmicos do avião. É o mesmo que faz os controles eletrônicos de estabilidade (ESP/ESC) dos automóveis modernos, que agora se tornará obrigatório na Europa. Esses sistemas de segurança ativa, que procuram evitar o acidente, são pouco divulgados pelos fabricantes de automóveis no Brasil, mostrando uma tendência nacional de dar pouca importância à segurança veicular, com exceção da Mercedes-Benz, que na época de lançamento e comercialização do Classe A, seu modelo de entrada no mercado nacional, fez diversas campanhas ressaltando a atuação do ESP no auxílio da condução e prevenção de acidentes. Mas, infelizmente, o consumidor brasileiro, talvez por questão cultural, não aceitou muito bem o veículo, que "assumia o comando" quando o "piloto" fazia besteira ou se via numa situação em que não tinha experiência suficiente para dominar o veículo. Essa mania do brasileiro de achar que é um "Airton Senna" acaba criando uma cultura de suicidas no volante, coisa que não vemos na Europa, onde os motoristas não pensam que são "Schummachers" e negam os auxílios eletrônicos dos automóveis modernos.
O Mercedes Classe A na sua versão inicial não é mais vendido no Brasil, mas há vários modelos que oferecem o recurso do gerenciamento eletrônico de estabilidade, infelizmente só em categorias superiores e bem mais caras, mas a tendência é popularizar o sistema, oferecendo junto com pacotes que incluam ABS, EBD, ASR, airbag duplo e, quem sabe futuramente, o sistema que mantém distância do veículo da frente (ACC) e evita atropelamentos (já sonhando alto). Só que para isso o consumidor tem que rever seu modo de comprar carros e começar à dar prioridade para a segurança, mesmo que isso sacrifique aquele sistema de som com dvd ou aquelas rodas gigantes. Ah, só queria comentar que meu amigo piloto, que não gosta de voar de Airbus, é dono de um carro com ESP, o "incherido" que fica se metendo na forma como ele dirige.