segunda-feira, 30 de abril de 2012

Cenas de Curitiba: aconteceu na Praça Osório

Dois meninos, aparentando terem entre 7 e 10 anos, me abordam durante a fiscalização:
_ Moço, meu pai quer falar com você! Diz o mais velho, com o celular na mão.
_ Alô?
_ Boa tarde, você é um oficial?
_ Sou um Agente de trânsito, senhor. No que posso ajudar?
_ Meu filhos foram fazer um lanche e se perderam da mãe. Estou em Ponta Grossa. O senhor poderia encaminhá-los a um posto da polícia, até que eu entre em contato com ela, para dizer onde os meninos se encontram?
_ Claro! Vou levá-los ao módulo que fica na praça Osório, próximo da R. Voluntários da Pátria. Lá estarão seguros até a chegada da mãe.
_ Ótimo! Passarei a ela o endereço. Obrigado!
Enquanto conduzia os meninos até o local combinado, puxei conversa, perguntei os seus nomes, onde moram...me pareceram ótimos meninos, mas tinham cara de quem aprontou e não deu muito certo. Deixei-os sob os cuidados do soldado que estava de plantão e enquanto retomava a fiscalização, lembrei do que eu e minha esposa ensinamos às nossas filhas: "se vocês se perderem de nós, não peçam ajuda pra qualquer pessoa, procurem um guarda, policial ou outra pessoa de uniforme". Ainda bem que esses meninos fizeram a coisa certa.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Fórum da Bicicleta

Estava devendo um post sobre o 2º Fórum Curitiba de Trânsito,realizado na última quinta-feira (12) do qual participei e teve como tema a bicicleta, e como disse antes, saí parcialmente satisfeito. Não pelo evento em si, que foi ótimo, mas por ver que ideias e soluções existem, assim como gente interessada e engajada na causa, porém aqui em Curitiba e muitas outras cidades, a coisa vai a passos de tartaruga, ou simplesmente não vai. A presença do secretário de urbanismo de Balneário Camboriú, Auri Pavoni, nos deixou "com água-na-boca", após apresentar tudo que está acontecendo por lá, e nos fez refletir sobre o porque que não acontece aqui. Promover uma revolução cultural e operacional no trânsito não depende só de campanhas educativas e meia dúzia de medidas paliativas, que resolvem um probleminha aqui, outro ali. Oque precisamos é uma mudança radical, visando alterar a "ordem natural" do trânsito, tirando a prioridade de circulação dos carros e devolvendo-a aos pedestres e ciclistas. Mas, como se faz isso? Não existe mágica, tem que diminuir o espaço dedicado aos veículos automotores, retirar vagas de estacionamento, estreitar ruas, restringir a circulação e diminuir a velocidade média. Precisamos de mais espaço para as ciclovias e não podemos obtê-lo através da diminuição das calçadas, pois o espaço do pedestre é sagrado, e somos todos pedestres, em algum momento vestidos de carro ou montados em bicicletas. Nossa cultura criou um mito que para se respeitar o direito constitucional de ir e vir, devemos ter a chance de estacionar nossos carro em frente ao local onde queremos chegar, para andar o mínimo possível a pé, mas isso é cada vez menos possível e temos que rever nossos hábitos. Quando a R. XV de Novembro foi fechada a circulação de veículos, imagino o estardalhaço que alguns fizeram; o mesmo que acontece hoje quando se fala em retirar vagas de estacionamento e se criar o pedágio urbano. Durante o fórum, fiquei sabendo de excelentes projetos, como a criação de uma zona central com velocidade limitada a 30 km/h; a retirada das vagas ao longo das canaletas, para receberem ciclofaixa no seu lugar; a criação de vagas abertas a não-moradores no primeiro pavimento dos prédios novos. Em Bal. Camboriú, a primeira vaga de cada quadra será destinada ao estacionamento de bicicletas e todo prédio na orla marítima tem que reservar espaço para bares e restaurantes;  o estreitamento de avenidas e a implantação de travessias elevadas faz com que haja uma diminuição da velocidade média no perímetro urbano. Em Curitiba também existem sinais de mudanças, como a retirada dos Ligeirinhos das lentas das canaletas, para que circulem dentro das canaletas ou pelas rápidas; isso por si só já aumenta a segurança dos usuários da ciclofaixa da Mal. Floriano, que lamentavelmente foi feita com uma largura fora do ideal. Os paraciclos finalmente saíram do papel e vão começar a operar, oferecendo aluguel de bicicletas e infraestrutura para os usuários. Durante o evento tive a oportunidade de conhecer um fabricante de bicicletas elétricas, que me pareceu uma ótima alternativa para quem quer utilizar a bike como meio de transporte sem perder o conforto, pois ela dá uma "mãozinha" nas subidas e não suamos tanto, resolvendo o problema da topografia de Curitiba, pouco favorável a bicicleta. Infelizmente o preço ainda é proibitivo, pois o governo não oferece incentivos fiscais para a sua comercialização, e o CTB cria empecilhos para sua utilização, exigindo coisas absurdas como capacete motociclístico e carteira de habilitação. Além de projetos, precisamos que as leis sejam revistas, para se adaptar aos novos tempos, que exigem meios de transporte mais racionais. Para finalizar, gostaria de dizer que estava errado quando disse que não havia político no Brasil capaz de promover tal revolução, pois o prefeito de Bal. Camboriú, Edson Renato Dias, o "Piriquito", provou que quando se tem coragem e determinação, pode-se fazer coisas fantásticas, como as que estão ocorrendo por lá. Fica o exemplo de quem não tem medo e não se importa com a opinião pública, mas somente com o bem-estar dos cidadãos. Certamente seu nome ficará para sempre no hall dos administradores públicos, associado a arrojo e vanguarda.

domingo, 15 de abril de 2012

Questão de escolha

"Deus não impõem a nenhuma alma uma carga superior às suas
 forças. Beneficiar-se-à com o bem quem o tiver feito e sofrerá
 mal quem o tiver cometido."

Era para ser um post sobre a bicicleta e o Fórum Curitiba de Trânsito, que ocorreu na última quinta-feira (12), do qual eu participei e saí parcialmente satisfeito ( explicarei o porquê futuramente), mas uma visita a uma mesquita me fez mudar um pouco o foco do assunto. O que será que bicicleta teria haver com religião? Acho que muita coisa, pois religião e meio de transporte podem ser escolhidos ou impostos. Você pode nascer católico e pobre, ter que seguir a religião que seus pais seguem e ter que andar de ônibus por pura falta de opção. Mas, um dia você se torna senhor de sua vontade, trabalha e ganha seu próprio dinheiro, pode escolher oque fazer de sua vida. Aí você opta por ter um carro, moto ou bicicleta. Você pode escolher se continua frequentando a igreja que seus pais o levavam quando criança, ou muda para outra religião que atenda melhor os seus anseios. Independente de sua escolha, você está seguindo oque seu coração manda, quer que outras pessoas respeitem isso e o deixem seguir sua vida em paz, mas não é isso que acontece e a única palavra que define isso é INTOLERÂNCIA. Nós nos achamos no direito de interferir nas escolhas alheias, de criticar oque os outros decidem para si mesmos, mas não gostamos quando isso acontece conosco. Tentamos freqüentemente impor nosso ponto de vista, dizemos que somos melhores por seguir determinada religião, ou porque temos um carro do ano. Será que realmente estamos certos que a religião escolhida é a mais correta? Será que somos mais ricos porque conseguimos comprar um carro 0Km? Já parou para se perguntar se quem anda de bicicleta faz isso porque não pode ter um carro, ou por pura e simples opção? Quando estamos atrás de um volante, achamos que somos os reis do trânsito, que a rua é nossa e que pedestres e ciclistas são invasores do espaço que é, por direito, dos carros. No fórum aprendi que somos todos pedestres "vestidos" de carro. 
Voltando a questão da religião, se não aceitamos a escolha do nosso próximo, como podemos exigir que aceitem a nossa? Como podemos querer guiar o outro se nem sabemos se estamos no caminho correto. Aliás, me atrevo a dizer que a partir do momento que não aceitamos as diferenças religiosas, culturais, raciais e outra qualquer, já estamos no caminho errado. Intolerância é um dos motivos de tantas mortes no mundo, seja por guerras étnico-religiosas; seja por conflitos sociais no trânsito. E não são mortes objetivas,  em busca de poder ou riqueza, mas por intolerância e imposição de crenças. Hoje, dentro daquela mesquita, senti uma paz enorme, pois aquelas pessoas que sabemos tão pouco sobre seus costumes e crenças, nos receberam de braços abertos e com extrema cordialidade. Respeitar seus costumes era o mínimo que poderia fazer para retribuir. Sei que existem extremistas fanáticos, capazes de matar para impor sua religião, e não é exclusividade de uma religião, pois tanto no ocidente como no oriente ocorreram diversos massacres em nome da fé. E os massacres continuam acontecendo, todos os dias, no mundo inteiro. Matamos não só a carne, mas o espírito, ignorando nosso irmão, porque ele anda de bicicleta, a pé ou de ônibus; porque torce para outro time; porque é de cor diferente; porque veste farda; porque é de fora. Ignoramos a essência humana, que nos faz todos iguais, por causa de diferenças muitas vezes externas. Rotulamo-nos e achamos que isso nos faz diferentes perante Deus e os homens, mas esquecemos que oque nos faz diferentes é aquilo que está em nossos corações e mentes, e é isso que determina se somos bons ou ruins; se merecemos o respeito dos nossos irmãos e o perdão do nosso Deus.

sábado, 7 de abril de 2012

O Preço da Vida

Qual seria o preço de uma vida? Muitos dirão que a vida não tem preço, mas acho que tem e que nem sempre estamos dispostos a pagar esse preço, seja monetário ou comportamental. Muitas vezes economizamos em coisas que podem garantir nossa segurança, para gastar em outras que nos trazem conforto ou satisfação; em outras, deixamos de ter cuidados com a segurança por questão de hábitos, ou a falta deles. Só lembramos que segurança se obtêm através da eterna vigilância quando é tarde demais, ou quando somos lembrados de maneira desconfortável, por uma repreensão ou por presenciar um acidente.
Hoje, quando voltava para casa após o trabalho, passei por um acidente que não fazia muito tempo que tinha ocorrido; os veículos ainda estavam no local e um deles havia capotado. Quando cheguei em casa, fiquei sabendo que houve a morte do motorista do veículo capotado, porque não usava o cinto de segurança. Esse senhor de 76 anos conduzia um Mercedes-Benz Classe A, um dos veículos mais seguros do mundo, mas que não tem a capacidade de fazer milagres, quando seus ocupantes não observam as normas de segurança e deixam de usar o cinto. Talvez ele nem soubesse disso e comprou o carro por outros motivos que não fosse a segurança; talvez soubesse e fez o investimento justamente na segurança. Talvez esse senhor nunca usou cinto na sua vida, porque achava desnecessário ou porque incomodava; talvez só deixou de usar hoje, por pressa ou esquecimento. Ele pagou um preço pelo veículo e por sua manutenção, que não é barata (mas vale o investimento); mas deixou de pagar o preço do cuidado de colocar o cinto. Se tivesse sido multado em 127,69 reais, por deixar de usar o cinto, talvez estivesse vivo; talvez nem pelo valor, mas pelos pontos e o medo de perder a carteira. O preço da multa se torna tão pequeno diante do beneficio que ela traz, pois esse senhor deveria ter pessoas que o amavam: filhos, netos, esposa e familiares que vão sentir a sua falta; poderia viver com eles mais alguns anos, dando e recebendo alegrias. Maneira trágica de deixar esse mundo, que infelizmente está se tornando cada vez mais comum. Antes as pessoas morriam de velhice, de doença, em guerras ou catástrofes naturais; hoje morrem no trânsito.
Acidentes acontecem, mas podem ser evitados, ou ter seus efeitos amenizados, por observação de medidas de segurança e atitudes seguras, como a compra de um carro moderno e com itens de segurança indispensáveis, porém devem ser usados de maneira correta para garantir sua eficiência. Tudo na vida tem regras para ser feito ou usado de maneira segura, desde um simples utensílio doméstico, como uma faca ou garfo, até uma máquina moderna e veloz, como um carro ou avião. Cabe a nós conhecer e respeitar essas regras, para não ficar sem um dedo um encurtar nossa vida de maneira desnecessária. Segurança é um exercício diário, que cria  um modo de pensar e hábitos em quem os pratica, e que pode até ser tachado de chato ou medroso por alguns, mas é a mais pura demonstração de inteligência e instinto de sobrevivência.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O Maior dos Milagres

Na sua passagem pela Terra, Jesus realizou vários prodígios, relatados pelos apóstolos nos quatro evangelhos que conhecemos, mas qual seria o maior dos milagres? Vemos relatos de curas, de multiplicação dos pães e peixes, da transformação de água em vinho, de passeios sobre as águas e pescarias surpreendentes. Também sabemos que houve transfigurações na presença de mortos, a ressuscitação de Lázaro e sua própria ressurreição após três dias. Mas muitos questionam a veracidade desses milagres e como não há provas materiais que tudo isso aconteceu, fica somente a fé naquilo que lemos na bíblia.
Se Jesus era mesmo uma divindade, não seria difícil realizar essas coisas, pois tinha o controle sobre as coisas materiais e era só usar o poder dado a ele por Deus, que criou tudo e pode fazer oque bem entender com esse mundo. Mas, se ele estava na condição de humano e assim como nós, sujeito ás limitações da matéria, seria mesmo tudo milagre, realizado por quem tinha poderes sobrenaturais. Deixando de lado sua condição de homem-deus, penso que o maior dos milagres operado por Jesus não foi nada físico, realizado por meio de forças ocultas, mas sim algo que para nós é tão difícil de realizar quanto uma caminhada sobre o mar: o perdão. Quando trouxeram até ele a mulher flagrada em adultério, estavam esperando um erro seu, para acabar com sua "farsa" de Filho de Deus e mostrar a todos que ele era apenas mais um "bebedor de vinho" como todos nós, mas tiveram uma surpresa. Jesus poderia tê-la condenado, pois havia respaldo da Lei para isso, e como a Lei tinha sido deixada por Deus á Moisés, não estaria fazendo nada que seu Pai não teria concordado. Se a absolvesse e fosse contra a Lei, estaria dizendo que Deus estava errado e poderia ser culpado de heresia, sacrilégio ou qualquer absurdo que ainda hoje se usa muito entre os religiosos de plantão. Mas Jesus resolveu apelar para a consciência de cada um, pois se apelasse para seus corações, sabia que não obteria sucesso. Todos temos "esqueletos nos armários", mas não nos damos conta disso; só quando somos lembrados e aí nos calamos, pois não há mais argumentos; foi oque aconteceu com os acusadores daquela mulher. E mesmo o próprio Cristo, que poderia fazer uso da sua condição de Filho do Criador para a repreender, preferiu dizer que não a acusaria e só aconselhou-a a não pecar mais, como alguém que aconselha a não fumar, por causa do mal a saúde. Ele correu um grande risco, pois poderia ser apedrejado junto com ela, se não soubesse dizer as palavras certas. Você seria capaz de correr esse risco por um estranho?
"Onde abundou o pecado, aí superabundou a graça" Rm 5, 20
Bem, vemos que mesmo que Jesus não tivesse realizado nada de incomum, ele era capaz de gestos e palavras fora do normal para aquela época e mesmo hoje, que temos seus ensinamentos sendo disseminados através das igrejas, da mídia e das redes sociais, não somos capazes de ações como as dele. Só quem era conhecedor do Amor Divino poderia ser capaz de tamanha misericórdia, de oferecer sua vida para salvar outra. Jesus conhecia a dureza dos corações dos acusadores, assim como conhecia o arrependimento no coração da acusada e a achou digna de sua graça, assim como achou todos nós dignos de seus ensinamentos e seu Amor. Se deixarmos de lado nosso ego, todos podemos ser capazes de milagres como esse que Jesus realizou naquele dia, enquanto escrevia na areia palavras de acusações, que deixou lá, para o vento apagar.