sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Cenas de Curitiba: Aconteceu na Sete de Setembro

Fiscalizando as vagas de estacionamento na Av. Sete de Setembro, me deparei com um veículo estacionado na vaga de 15 min. sem o pisca-alerta ligado. Olhei em volta, verifiquei a farmácia do outro lado da rua, aguardei uns minutinhos, mas como ninguém apareceu, não teve jeito, tive que pegar o bloco e emitir o Auto, não sem antes dar mais uma olhada ao redor. Autuar por falta do pisca-alerta é um pouco "dolorido", pois sabemos que todos estamos sujeitos a um esquecimento, porém, se constatada a infração, não tem jeito...
Quando acabei de preencher o Auto, ouço:
_ Moço! Moço! É meu, não multa, por favor!
_ Lamento moça, o Auto já foi lavrado.
_ Puxa vida! Eu fui atender um paciente, estava nervosa e esqueci do pisca-alerta...por favor, não faz isso.
_ Não tenho como lhe ajudar, até aguardei uns minutinhos, mas ninguém apareceu. Agora, só resta o recurso...
Ela começou a chorar:
_ Foi só uns minutos! Puxa, vocês não deixam nem a gente trabalhar...
Nisso passou um senhor e com um olhar reprovativo, disse:
_ É rapaz, um dia sua hora vai chegar e você vai ter que prestar contas do mal que fez...
_ Minha consciência está tranquilha, senhor, não fiz mais que meu trabalho...
Mas confesso que na hora senti um nó na garganta, porém continuei meu trajeto. Não andei dez metros e um rapaz que vende cartões veio falar comigo:
_ Eu falei pra aquela bobona que você estava vindo, mas ela tava a um tempão no maior papo com a balconista da farmácia; nem deu bola...bem feito pra ela!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Estado deve ser Laico

É incrível que esse monge ignorante disse e pregou. 
Deu cartas seladas, que declaravam que até os pecados
que um homem tencionava cometer seriam perdoados. 
O papa, dizia ele, tem mais poder do que todos os Apóstolos,
todos os anjos e santos, mais até que a própria Virgem Maria;
pois estes eram todos subordinados a Cristo, mas o papa era 
igual a Cristo.” (Myconius, frade franciscano, Alemanha, 1517).
Nas últimas eleições vimos uma corrida religiosa pelo poder. Alguns candidatos usaram sua crença para angariar votos, sabendo que as comunidades religiosas são unidas e cooperantes. Mas, será que está certo usar uma escolha pessoal para promover a subida ao poder? Será que a intenção é só ajudar os "irmãos" de fé? E Jesus, aprovaria isso? Essa busca pelo poder me faz pensar se Cristo teria atendido os anseios daqueles que queriam ver o fim do domínio de Roma sobre a palestina. Com seu prestígio e influência, com certeza teria liderado um exército muito grande, e somado aos zelotes, criaria grandes problemas para César. Mas ele não estava lá para começar uma "guerra santa", com grande derramamento de sangue. Cristo teria declarado que seu Reino não era desse mundo, e isso criou grande desconforto entre os revolucionários. Também não se opôs ao pagamento dos tributos, que tanto oprimia o seu povo. Será que Cristo era indiferente aos problemas sociais e políticos da época? Creio que não, mas sabia que não deveria interferir em algo que pertence a essa "nossa realidade". Sua missão era espiritual, e só interferiu naquilo que seria essencial à anunciação da sua mensagem. Se desse o poder aos zelotes, estaria simplesmente colaborando para a criação de um regime totalitário, baseado em uma doutrina religiosa. Vemos que no decorrer na história, essa concentração de poder nas mãos de grupos religiosos era muito comum, descadeando disputas de poder baseadas na fé daqueles que acreditavam, no fundo de seus corações, que estavam fazendo a "vontade de Deus", mas serviam como massa de manobra para uns poucos inescrupulosos. Hoje isso continua a acontecer, a busca desenfreada do poder, usando a fé do povo como trampolim político. Mas isso não quer dizer que um homem público deva negar sua fé, mas sim mantê-la na sua vida pessoal, como fortalecimento interno, e não como chamariz de votos para sua campanha eleitoral. Se for eleito, sofrerá pressões por parte de comunidades religiosas, que exigirão uma postura favorável a certos costumes, e que podem infringir os direitos de outros grupos, que também são cidadãos cumpridores de seus deveres cívicos. A constituição nos assegura a liberdade religiosa, mas devemos ter a consciência de que nossas crenças não devem ferir os direitos do próximo. O Estado já favorece demais as instituições religiosas, herança do tempo que se fundia com a igreja e um estava à mercê dos caprichos do outro. Durante séculos o estado sofreu a influência papal, e hoje estamos sujeitos a ter governantes obedecendo a bispos e pastores. Por isso digo que votar deve ser um ato cívico, sem influências de doutrinas religiosas, que podem estar mascarando interesses pessoais de um determinado candidato ou grupo político. Devemos procurar manter a democracia e não deixar que se instale uma teocracia, ditando a vida das pessoas e impondo costumes religiosos, como acontecia na Idade Média, porém hoje sob a forma de siglas partidárias, mas com o velho discurso de estarem protegendo a família e os bons costumes.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Eleições 2012: Descendo do Muro

Confesso que enquanto via os colegas blogueiros se posicionarem a favor deste ou daquele candidato, eu estava em dúvida se deveria tomar uma posição ou ficar neutro, pois política é algo que não tenho muita intimidade. Porém, após o último debate dos candidatos, confirmei minha decisão de voto e acho justo compartilhar minha opinião com os leitores do blog, mas quero mostrar as razões que me levaram a fazer essa escolha.
Um pouco da minha história: nasci em São José dos Pinhais e cresci aqui, mais precisamente no bairro Boneca do Iguaçú, próximo ao rio ressaca. Lembro que quando era criança, já acontecia algumas enchentes, que afetavam os vizinhos do outro lado da minha rua, mas nunca chegou em minha casa. Não é nada agradável ver as pessoas perdendo seus pertences na água, mas senti isso na pele pela primeira vez em 2003, quando a água atingiu a casa dos meus pais e meu carro que estava na garagem. Depois disso foi uma sucessão de enchentes até que fui forçado a sair de lá e ir pagar aluguel, em 2007. No mesmo ano, começaram as obras no rio, que se arrastaram pelos anos seguintes, de forma tão lenta que parecia que não terminaria nunca. Uma única ponte levava mais de um ano para ser concluída. A partir de 2009/2010 as obras deslancharam e a coisa começou a tomar forma. Nos anos seguintes as famílias foram transferidas e não houve mais enchentes. O parque está quase pronto no primeiro trecho e vejo as pessoas desde já usufruírem dele diariamente. Meus pais ainda moram no mesmo lugar e tenho planos de construir uma casa na parte do terreno que estava inutilizado por causa das enchentes. Vejo um futuro de paz e esperança para aqueles que sofreram tanto naquele lugar. Não sei quem ou oquê foi o causador de tantos transtornos, mas sei que foi durante a atual gestão que os problemas foram definitivamente solucionados. Isso é fato.
Obras do Parque Linear do Rio Ressaca, Maio de 2011
Diante disso, não dá para não reconhecer a importância de um gestor público na vida dos moradores de áreas de risco, pois a qualidade de vida está diretamente ligada às obras de infraestrutura e saneamento realizadas no local. As gestões anteriores não fizeram oque era necessário e o sofrimento se estendeu por muitos anos, gerando desconforto e risco aos moradores do Boneca do Iguaçú. Só isso já vale meu voto, mas tem outros motivos, como a sucessão malfadada da gestão Setim, que nos deixou uma administração visivelmente inferior (Leopoldo Meyer), tanto que não conseguiu a reeleição em 2008. Acredito que a continuidade da atual gestão pode nos trazer muitos outros benefícios e merece um voto de confiança. O desempenho do candidato Ivan Rodrigues no debate realizado no último sábado confirmou a sua superioridade face aos seus concorrentes, me dando a certeza do voto. Mas o fato de ter escolhido votar nele não significa que vou "dar moleza" pra prefeitura e continuarei cobrando tudo que vejo de errado na nossa cidade. Independente de quem for o prefeito, temos o direito e o dever de fiscalizar seus atos e cobrar melhorias no nosso município. A gestão termina, mas os benefícios permanecem.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

No que se transformaram nossos passeios

Código de Posturas do Município de São José dos Pinhais:
"Art. 71. É proibido embaraçar ou impedir por qualquer meio o livre trânsito nas estradas e caminhos públicos bem como nas ruas, praças e passeios da cidade, vilas e povoados do Município.
Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo o depósito de quaisquer materiais, inclusive de construção, nas vias públicas em geral."
"Art. 73. Não será permitida a preparação de reboco ou argamassa nas vias públicas, senão
na impossibilidade de faze-lo no interior do prédio ou terreno. Neste caso só poderá ser utilizada
a área correspondente a metade da largura do passeio."


LEI COMPLEMENTAR Nº 16, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2005
Art. 63. Para efeito desta Lei Complementar, via urbana é composta de:
I - faixa de veículos - conjunto da área de circulação dos veículos (pista de rolamento) mais
o espaço destinado ao estacionamento;
II - calçada – é a parte da via, normalmente segregada e em nível elevado de 5,00cm (cinco
centímetros) a 25,00 (vinte e cinco centímetros), reservada ao trânsito de pedestres e à
implantação de mobiliário urbano;
III - passeio – é a parte da calçada livre de interferências, destinada à circulação exclusiva
de pedestres;


Passeio totalmente obstruído por material de construção
Tapumes tomam conta do passeio
Areia e entulhos depositados sobre a calçada
Caçamba ocupa quase a totalidade da calçada, não sobrando
espaço para um cadeirante ou carrinho de bebê
Além de ocupar o passeio com tapumes e material de
construção, ainda estacionam veículos no espaço restante
Aqui temos, literalmente, uma barreira para o pedestre

Código de Trânsito Brasileiro: 
Art. 181. Estacionar o veículo:VIII - no passeio ou sobre faixa destinada a pedestre, sobre ciclovia ou ciclofaixa, bem como nas ilhas, refúgios, ao lado ou sobre canteiros centrais, divisores de pista de rolamento, marcas de canalização, gramados ou jardim público:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

Aqui o passeio já é estreito, e o veículo toma conta
completamente do espaço.
Rua de intenso fluxo de veículos, com o passeio bloqueado,
forçando o pedestre a caminhar pela faixa de rolamento.
Já que é proibido estacionar na via, então estaciona-se sobre
o passeio, mesmo...
Gostaria de dizer que é obrigação da prefeitura fiscalizar as irregularidades nas vias públicas e notificar os responsáveis. O canal de comunicação da prefeitura de São José dos Pinhais funciona e devemos usá-lo. Constatando alguma irregularidade no seu bairro, denuncie, pois este é um direito e também um dever do cidadão consciente. Link do: Fale com a prefeitura














segunda-feira, 30 de julho de 2012

Orientação X Autuação

Foto:  http://joselitobraz10.blogspot.com.br/
Imagine a seguinte cena: em uma rua que possui três faixas de circulação, em determinado trecho ocorre um estreitamento, devido a vagas de estacionamento ou outro motivo qualquer. Uma quadra antes, existem placas de sinalização e marcações que obrigam o motorista a fazer uma conversão, a fim de não criar confronto entre os veículos que seguem reto. Um motorista que transita por essa faixa, devido a falta de atenção (talvez por estar utilizando o celular...) ou por pura e simples falta de respeito com a sinalização e os outros usuários da via, resolve seguir reto, forçando passagem entre os veículos e causando transtornos e risco de acidente. Esse motorista merece ser orientado ou multado? Vamos supor que tenha um agente de trânsito no cruzamento, e que, percebendo a intenção do motorista em seguir reto, o agente se utiliza do apito e gestos para orientar o motorista a fazer a conversão obrigatória. Se o motorista acatar a ordem e realizar a manobra antes da faixa contínua, a orientação foi bem sucedida e impediu que o motorista cometesse a infração e causasse transtornos ao trânsito. Neste caso não houve infração e não há autuação. Mas, e se o motorista seguir reto mesmo assim? A orientação do agente não evitou a infração, e havendo a constatação, pede-se a emissão do Auto. O motorista foi autuado e está ciente do ocorrido. Ele pode até dizer que o agente não tem "bom senso", pois só a orientação por apito seria suficiente para torná-lo ciente da infração cometida. Mesmo que o agente não tivesse a obrigação de autuá-lo, a orientação poderia ser mal interpretada, ou o motorista poderia simplesmente não saber o motivo dos silvos e gestos emitidos pelo agente de trânsito. Imagine, agora, se ao invés do agente, houvesse um radar no cruzamento, que detectasse a manobra irregular. O radar não poderia orientá-lo antes do ocorrido, de uma forma preventiva, mas após a infração, seria emitido o auto e o motorista receberia a notificação, ficando ciente do ato infracional cometido, tendo que arcar com o ônus da multa. Não seria uma forma de "orientação", também? Quando se concede ao cidadão o direito de conduzir um veículo automotor, espera-se que ele tenha passado pelo mínimo de horas-aula em um CFC, exigidas por lei e que tenha sido aprovado nos testes teórico e prático do Detran de seu estado. Esse indivíduo, além da capacidade de conduzir o veículo, deve conhecer as regras de circulação e a sinalização de trânsito, para poder conviver pacificamente com os demais usuários da via. Ele não pode alegar desconhecimento ou incapacidade de compreender os sinais de trânsito, pois estaria confessando a inaptidão para conduzir o veículo. Nesse caso, o agente de trânsito não tem o dever de orientar, pois o condutor já deveria ter o conhecimento necessário e se cometeu a infração, é porque não observou a sinalização e as regras de circulação. A orientação se torna necessária quando temos situações não previstas, como um acidente de trânsito ou um evento (obras, passeata, etc.) que altere a circulação normal do trânsito. Aí entra o trabalho orientativo do agente de trânsito. No dia-a-dia também pode haver a orientação, como no exemplo citado ou em campanhas de prevenção de acidentes de trânsito, mas oque não pode haver é a ideia falsa de que o agente de trânsito deve fazer o papel de "instrutor de auto-escola", ensinando aos motoristas já formados regras que eles deveriam saber antes mesmo de receber a 1ª habilitação. Se ocorrem tantas infrações por "desconhecimento" dos motoristas, devemos pensar que há algo de errado com os métodos de formação e avaliação dos candidatos à habilitação. A fiscalização de trânsito apenas tenta sanar esse problema, utilizando-se, infelizmente, da maneira mais dolorosa que existe: a multa.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Cuidando do passado para garantir o futuro

Mural retratando a praça 8 de Janeiro, em 1900. Podemos ver a antiga igreja, os casarões em torno da praça, araucárias e palmeiras. Hoje, oque sobrou dos casarões está oculto pelos painéis das lojas e do comércio local. foto:http://deconvivium.blogspot.com.br/ 
Andando hoje pela praça 8 de Janeiro aqui em São José dos Pinhais, fiquei pensando o quanto essa cidade mudou, totalmente diferente da imagem de 1900, retratada no painel em frente à igreja. Nossa igreja já não é mais a mesma, os casarões da r. XV de novembro estão totalmente descaracterizados e muitos nem existem mais, substituídos por sobrados e imóveis modernos. Os que permanecem em pé, tiveram suas fachadas cobertas por painéis do comércio, que não se importa em conservar a memória do município, pensando só em chamar a atenção e aumentar as vendas e os lucros. Talvez esse comportamento esteja completamente equivocado, pois cria uma imagem desagradável da paisagem e nem chama mais a atenção de quem passa pelo local. Se fossem conservadas as fachadas originais dos imóveis antigos, a imagem seria muito mais agradável, chamando a atenção não só dos moradores do município como também quem está de passagem, despertando o desejo de fotografar e de voltar futuramente. Seria um grande incentivo ao turismo, que movimentaria o comércio e ajudaria o município a crescer, como já acontece em muitas cidades do estado, como a cidade histórica da Lapa, Castro, Antonina e até mesmo Curitiba, que apesar de seu desenvolvimento, ainda conserva imóveis e lugares históricos, visitados por turistas do mundo todo. São José dos Pinhais poderia ter muitas atrações turísticas, pois tem uma história repleta de acontecimentos interessantes e muitas belezas naturais, mas que não são exploradas. Está certo que temos o caminho do vinho, atrativo turístico já consagrado em nosso município, mas não podemos ficar só nisso; temos as colônias Marcelino, Castelhanos, Murici, Accioli e muitas outras que poderiam receber incentivos para investir no turismo rural, como faz Piraquara, Campo Magro, Araucária e outras cidades da região metropolitana, que criaram rotas de turismo rural e que são sucesso, movimentando a economia local. Parece que aqui a coisa começou a "deslanchar" agora, pois antes não havia investimento algum por parte da administração pública. Com a criação da lei de incentivo à conservação do patrimônio histórico em São José dos Pinhais, temos a esperança de não ver mais prédios históricos sendo demolidos para dar lugar a imóveis modernos, ou simplesmente abrindo espaço para estacionamentos particulares. Pena que essa lei veio um tanto tarde, mas é um grande avanço e que pode mudar o modo de pensar de algumas pessoas, que gostam de dizer que "quem vive de passado é museu". Não podemos nem devemos deter o progresso, mas se não temos memória e não conhecemos nossas origens, como poderemos saber quem somos e para onde queremos ir? Moderno e antigo podem conviver harmoniosamente, embelezando ainda mais nossa cidade e trazendo pessoas para conhecer nossa história e, quem sabe, fazer parte do nosso futuro.
Projeto de revitalização do centro de vivência João Senegaglia. fonte: prefeitura de São José dos Pinhais

.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Meu Amigo Charlie

"Meu filho, por que você não compra um fusquinha, é um carrinho tão bonitinho..." Confesso que me soou um pouco estranho a sugestão de minha mãe, após ter vendido meu monza, que era um carro confortável e de desempenho satisfatório. O único fusca que dirigi até então, era um fusquinha amarelo, da bandeirantes, que tive quando era criança, e sair de um monza para um fusca era uma ideia que não me agradava nem um pouco. Como era um tempo de "vacas magras" e precisava de um carro para sair com a família, mas que fosse de baixo investimento, manutenção barata e simples, e que pudesse vender logo, para comprar um melhor, o fusca me pareceu a opção mais racional, "mas só por pouco tempo", pensei.
O Charlie, quando o comprei, ainda sem saber das  "monstruosidades"
que os "mexânicos" tinham feito com ele, pobrezinho...
O Charlie-Whiskey-Echo, ou simplesmente Charlie, para os amigos,  pertencia a um ex-patrão, que me fez uma proposta tentadora, para pagar em "suaves prestações" e que parecia estar em bom estado, oque descobri depois ser um lamentável engano. Apesar de sua ótima aparência, devido à pintura e estofamentos novos, o carro tinha recebido uma "maquiada", só para passar pra frente, e pouco tempo depois estava estourando ferrugem por todas as partes. Tentei me livrar do problema, pois sabia que se fosse arrumar, teria que "comprá-lo" novamente, mas tem coisas que não adianta pensar só no bolso; tem o lado afetivo, também. Tinha vontade de restaurar um veículo antigo há muito tempo, de preferência um opala, mas o fusca se mostrou melhor opção, novamente, e decidi ficar com o Charlie, para eu mesmo trabalhar na sua revitalização. Não gosto de chamar de restauração, porque ao meu ver, isso é coisa para quem pretende um veículo 100% original, digno de placa preta, oque não é meu caso, pois quero um carro especial, com detalhes que o diferencie dos demais, e novamente o fusca é o ideal para isso, pois ele é como as Harley-Davidson, que nunca são iguais, por causa da customização que seus donos fazem nelas. Acho que é isso: um fusca customizado, com partes de diversos modelos e um toque pessoal, para dar personalidade ao Charlie. Você pode ter uma Ferrari, mas seu vizinho pode comprar uma idêntica; já um fusca, duvido que encontre outro igual...
Mês que vem o Charlie será internado, para fazer a funilaria e pintura, que consiste na parte mais complexa e demorada da reforma. Ainda não sei bem oque será feito, mas pretendo acompanhar todo o processo, fazendo exatamente aquilo que vier na cabeça. Não tenho ideia de valores nem de prazo, só sei que a paciência para ficar sem ele na garagem vai ter que ser enorme, mas essa separação momentânea se faz necessária, para que ele possa continuar por muito tempo sendo esse companheiro de aventuras e amigo fiel que mostrou ser todos esses anos.

domingo, 6 de maio de 2012

Coração de Soldado

Os Cavaleiros Templários, monges soldados 
que combatiam para defender o povo. Um dos
maiores exemplos de servidão já vistos, mas que 
não foi bem compreendido.
Antes que me perguntem: não, eu não servi no exército, mas estive bem próximo de me alistar como voluntário. Só não o fiz por ser filho único e isso é fator determinante nas minhas decisões. Mas meu coração sempre vai pertencer a vida servil, pois a vontade de fazer parte de algo grande e importante para toda a sociedade, mesmo que seja na vida civil, é muito forte, que faz parte de mim. A admiração pelos militares e religiosos é uma coisa que sempre enfatizo, por eles se doarem totalmente à causa, sem pensar nas consequências nem nas recompensas. Um soldado, assim como um padre ou monge, precisa esquecer suas vontades e anseios pessoais e viver para a missão que se dispôs a cumprir, sem olhar para trás e sem esperar nada em troca, nem mesmo o reconhecimento daqueles aos quais serve. Sua recompensa é fazer aquilo que seu coração manda, obedecendo ordens e cumprindo oque seus superiores determinam, mesmo que muitas vezes não entenda bem os propósitos disso. Cumprir ordens talvez seja tão difícil quanto dá-las, pois fazemos coisas sem entender o porquê de fazê-las e somos questionados sem ter respostas precisas; só sabemos que temos que fazê-las. A meu ver, isso não é alienação e muito menos manipulação; é apenas dever, para o qual se dispõem a cumprir e da melhor forma possível. Um pedreiro não precisa ser formado em engenharia civil para levantar uma parede; tem que saber assentar tijolos. Já um engenheiro pode até saber levantar paredes, mas se o fizer, quem é que comanda a obra? Todos somos importantes, não interessa em qual parte da pirâmide estamos: na base ou no topo. Comandantes e comandados tem que saber seu valor e suas responsabilidades, para que a missão seja cumprida. Esse sentimento de dever e responsabilidade é oque falta na nossa sociedade atual, pois nossos jovens não querem aceitar ordens e nem assumir responsabilidades. Não sou à favor do serviço militar obrigatório, mas admito que seria a salvação para muitos. Vejo os veteranos expedicionários que voltaram da Itália e fico imaginando quantos "rebeldes sem causa" voltaram de lá como heróis de guerra e quantos ficaram por lá, na tentativa de cumprir seu dever. Aposto que muitos nem ligavam para a pátria ou para o ideal de liberdade, mas tinham sobre si a responsabilidade de manter vivo o companheiro de trincheira; o irmão que combatia ao seu lado. Se não fazemos pela causa, fazemos pelo irmão que acredita nela. Na nossa guerra diária, nas ruas, no trânsito, no trabalho, em casa; temos que cumprir o dever, por aqueles que estão ao nosso lado, acreditando em nós. Não podemos fingir que "não é comigo" e deixar simplesmente "o barco correr". Temos que pensar na coletividade, no bem maior para todos. Vivemos em sociedade justamente por isso, porque não poderíamos viver sozinhos e fazer tudo sozinhos. Não somos auto-suficientes e nem tão pequenos que não possamos fazer a diferença. Faça sua parte, sem pensar só em si mesmo e no que vai receber em troca. Um pouco de doação vai lhe trazer um sentimento incrível, que só você mesmo pode provocar, pois ele vem de dentro para fora, do verdadeiro coração de soldado.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Cenas de Curitiba: aconteceu na Praça Osório

Dois meninos, aparentando terem entre 7 e 10 anos, me abordam durante a fiscalização:
_ Moço, meu pai quer falar com você! Diz o mais velho, com o celular na mão.
_ Alô?
_ Boa tarde, você é um oficial?
_ Sou um Agente de trânsito, senhor. No que posso ajudar?
_ Meu filhos foram fazer um lanche e se perderam da mãe. Estou em Ponta Grossa. O senhor poderia encaminhá-los a um posto da polícia, até que eu entre em contato com ela, para dizer onde os meninos se encontram?
_ Claro! Vou levá-los ao módulo que fica na praça Osório, próximo da R. Voluntários da Pátria. Lá estarão seguros até a chegada da mãe.
_ Ótimo! Passarei a ela o endereço. Obrigado!
Enquanto conduzia os meninos até o local combinado, puxei conversa, perguntei os seus nomes, onde moram...me pareceram ótimos meninos, mas tinham cara de quem aprontou e não deu muito certo. Deixei-os sob os cuidados do soldado que estava de plantão e enquanto retomava a fiscalização, lembrei do que eu e minha esposa ensinamos às nossas filhas: "se vocês se perderem de nós, não peçam ajuda pra qualquer pessoa, procurem um guarda, policial ou outra pessoa de uniforme". Ainda bem que esses meninos fizeram a coisa certa.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Fórum da Bicicleta

Estava devendo um post sobre o 2º Fórum Curitiba de Trânsito,realizado na última quinta-feira (12) do qual participei e teve como tema a bicicleta, e como disse antes, saí parcialmente satisfeito. Não pelo evento em si, que foi ótimo, mas por ver que ideias e soluções existem, assim como gente interessada e engajada na causa, porém aqui em Curitiba e muitas outras cidades, a coisa vai a passos de tartaruga, ou simplesmente não vai. A presença do secretário de urbanismo de Balneário Camboriú, Auri Pavoni, nos deixou "com água-na-boca", após apresentar tudo que está acontecendo por lá, e nos fez refletir sobre o porque que não acontece aqui. Promover uma revolução cultural e operacional no trânsito não depende só de campanhas educativas e meia dúzia de medidas paliativas, que resolvem um probleminha aqui, outro ali. Oque precisamos é uma mudança radical, visando alterar a "ordem natural" do trânsito, tirando a prioridade de circulação dos carros e devolvendo-a aos pedestres e ciclistas. Mas, como se faz isso? Não existe mágica, tem que diminuir o espaço dedicado aos veículos automotores, retirar vagas de estacionamento, estreitar ruas, restringir a circulação e diminuir a velocidade média. Precisamos de mais espaço para as ciclovias e não podemos obtê-lo através da diminuição das calçadas, pois o espaço do pedestre é sagrado, e somos todos pedestres, em algum momento vestidos de carro ou montados em bicicletas. Nossa cultura criou um mito que para se respeitar o direito constitucional de ir e vir, devemos ter a chance de estacionar nossos carro em frente ao local onde queremos chegar, para andar o mínimo possível a pé, mas isso é cada vez menos possível e temos que rever nossos hábitos. Quando a R. XV de Novembro foi fechada a circulação de veículos, imagino o estardalhaço que alguns fizeram; o mesmo que acontece hoje quando se fala em retirar vagas de estacionamento e se criar o pedágio urbano. Durante o fórum, fiquei sabendo de excelentes projetos, como a criação de uma zona central com velocidade limitada a 30 km/h; a retirada das vagas ao longo das canaletas, para receberem ciclofaixa no seu lugar; a criação de vagas abertas a não-moradores no primeiro pavimento dos prédios novos. Em Bal. Camboriú, a primeira vaga de cada quadra será destinada ao estacionamento de bicicletas e todo prédio na orla marítima tem que reservar espaço para bares e restaurantes;  o estreitamento de avenidas e a implantação de travessias elevadas faz com que haja uma diminuição da velocidade média no perímetro urbano. Em Curitiba também existem sinais de mudanças, como a retirada dos Ligeirinhos das lentas das canaletas, para que circulem dentro das canaletas ou pelas rápidas; isso por si só já aumenta a segurança dos usuários da ciclofaixa da Mal. Floriano, que lamentavelmente foi feita com uma largura fora do ideal. Os paraciclos finalmente saíram do papel e vão começar a operar, oferecendo aluguel de bicicletas e infraestrutura para os usuários. Durante o evento tive a oportunidade de conhecer um fabricante de bicicletas elétricas, que me pareceu uma ótima alternativa para quem quer utilizar a bike como meio de transporte sem perder o conforto, pois ela dá uma "mãozinha" nas subidas e não suamos tanto, resolvendo o problema da topografia de Curitiba, pouco favorável a bicicleta. Infelizmente o preço ainda é proibitivo, pois o governo não oferece incentivos fiscais para a sua comercialização, e o CTB cria empecilhos para sua utilização, exigindo coisas absurdas como capacete motociclístico e carteira de habilitação. Além de projetos, precisamos que as leis sejam revistas, para se adaptar aos novos tempos, que exigem meios de transporte mais racionais. Para finalizar, gostaria de dizer que estava errado quando disse que não havia político no Brasil capaz de promover tal revolução, pois o prefeito de Bal. Camboriú, Edson Renato Dias, o "Piriquito", provou que quando se tem coragem e determinação, pode-se fazer coisas fantásticas, como as que estão ocorrendo por lá. Fica o exemplo de quem não tem medo e não se importa com a opinião pública, mas somente com o bem-estar dos cidadãos. Certamente seu nome ficará para sempre no hall dos administradores públicos, associado a arrojo e vanguarda.

domingo, 15 de abril de 2012

Questão de escolha

"Deus não impõem a nenhuma alma uma carga superior às suas
 forças. Beneficiar-se-à com o bem quem o tiver feito e sofrerá
 mal quem o tiver cometido."

Era para ser um post sobre a bicicleta e o Fórum Curitiba de Trânsito, que ocorreu na última quinta-feira (12), do qual eu participei e saí parcialmente satisfeito ( explicarei o porquê futuramente), mas uma visita a uma mesquita me fez mudar um pouco o foco do assunto. O que será que bicicleta teria haver com religião? Acho que muita coisa, pois religião e meio de transporte podem ser escolhidos ou impostos. Você pode nascer católico e pobre, ter que seguir a religião que seus pais seguem e ter que andar de ônibus por pura falta de opção. Mas, um dia você se torna senhor de sua vontade, trabalha e ganha seu próprio dinheiro, pode escolher oque fazer de sua vida. Aí você opta por ter um carro, moto ou bicicleta. Você pode escolher se continua frequentando a igreja que seus pais o levavam quando criança, ou muda para outra religião que atenda melhor os seus anseios. Independente de sua escolha, você está seguindo oque seu coração manda, quer que outras pessoas respeitem isso e o deixem seguir sua vida em paz, mas não é isso que acontece e a única palavra que define isso é INTOLERÂNCIA. Nós nos achamos no direito de interferir nas escolhas alheias, de criticar oque os outros decidem para si mesmos, mas não gostamos quando isso acontece conosco. Tentamos freqüentemente impor nosso ponto de vista, dizemos que somos melhores por seguir determinada religião, ou porque temos um carro do ano. Será que realmente estamos certos que a religião escolhida é a mais correta? Será que somos mais ricos porque conseguimos comprar um carro 0Km? Já parou para se perguntar se quem anda de bicicleta faz isso porque não pode ter um carro, ou por pura e simples opção? Quando estamos atrás de um volante, achamos que somos os reis do trânsito, que a rua é nossa e que pedestres e ciclistas são invasores do espaço que é, por direito, dos carros. No fórum aprendi que somos todos pedestres "vestidos" de carro. 
Voltando a questão da religião, se não aceitamos a escolha do nosso próximo, como podemos exigir que aceitem a nossa? Como podemos querer guiar o outro se nem sabemos se estamos no caminho correto. Aliás, me atrevo a dizer que a partir do momento que não aceitamos as diferenças religiosas, culturais, raciais e outra qualquer, já estamos no caminho errado. Intolerância é um dos motivos de tantas mortes no mundo, seja por guerras étnico-religiosas; seja por conflitos sociais no trânsito. E não são mortes objetivas,  em busca de poder ou riqueza, mas por intolerância e imposição de crenças. Hoje, dentro daquela mesquita, senti uma paz enorme, pois aquelas pessoas que sabemos tão pouco sobre seus costumes e crenças, nos receberam de braços abertos e com extrema cordialidade. Respeitar seus costumes era o mínimo que poderia fazer para retribuir. Sei que existem extremistas fanáticos, capazes de matar para impor sua religião, e não é exclusividade de uma religião, pois tanto no ocidente como no oriente ocorreram diversos massacres em nome da fé. E os massacres continuam acontecendo, todos os dias, no mundo inteiro. Matamos não só a carne, mas o espírito, ignorando nosso irmão, porque ele anda de bicicleta, a pé ou de ônibus; porque torce para outro time; porque é de cor diferente; porque veste farda; porque é de fora. Ignoramos a essência humana, que nos faz todos iguais, por causa de diferenças muitas vezes externas. Rotulamo-nos e achamos que isso nos faz diferentes perante Deus e os homens, mas esquecemos que oque nos faz diferentes é aquilo que está em nossos corações e mentes, e é isso que determina se somos bons ou ruins; se merecemos o respeito dos nossos irmãos e o perdão do nosso Deus.

sábado, 7 de abril de 2012

O Preço da Vida

Qual seria o preço de uma vida? Muitos dirão que a vida não tem preço, mas acho que tem e que nem sempre estamos dispostos a pagar esse preço, seja monetário ou comportamental. Muitas vezes economizamos em coisas que podem garantir nossa segurança, para gastar em outras que nos trazem conforto ou satisfação; em outras, deixamos de ter cuidados com a segurança por questão de hábitos, ou a falta deles. Só lembramos que segurança se obtêm através da eterna vigilância quando é tarde demais, ou quando somos lembrados de maneira desconfortável, por uma repreensão ou por presenciar um acidente.
Hoje, quando voltava para casa após o trabalho, passei por um acidente que não fazia muito tempo que tinha ocorrido; os veículos ainda estavam no local e um deles havia capotado. Quando cheguei em casa, fiquei sabendo que houve a morte do motorista do veículo capotado, porque não usava o cinto de segurança. Esse senhor de 76 anos conduzia um Mercedes-Benz Classe A, um dos veículos mais seguros do mundo, mas que não tem a capacidade de fazer milagres, quando seus ocupantes não observam as normas de segurança e deixam de usar o cinto. Talvez ele nem soubesse disso e comprou o carro por outros motivos que não fosse a segurança; talvez soubesse e fez o investimento justamente na segurança. Talvez esse senhor nunca usou cinto na sua vida, porque achava desnecessário ou porque incomodava; talvez só deixou de usar hoje, por pressa ou esquecimento. Ele pagou um preço pelo veículo e por sua manutenção, que não é barata (mas vale o investimento); mas deixou de pagar o preço do cuidado de colocar o cinto. Se tivesse sido multado em 127,69 reais, por deixar de usar o cinto, talvez estivesse vivo; talvez nem pelo valor, mas pelos pontos e o medo de perder a carteira. O preço da multa se torna tão pequeno diante do beneficio que ela traz, pois esse senhor deveria ter pessoas que o amavam: filhos, netos, esposa e familiares que vão sentir a sua falta; poderia viver com eles mais alguns anos, dando e recebendo alegrias. Maneira trágica de deixar esse mundo, que infelizmente está se tornando cada vez mais comum. Antes as pessoas morriam de velhice, de doença, em guerras ou catástrofes naturais; hoje morrem no trânsito.
Acidentes acontecem, mas podem ser evitados, ou ter seus efeitos amenizados, por observação de medidas de segurança e atitudes seguras, como a compra de um carro moderno e com itens de segurança indispensáveis, porém devem ser usados de maneira correta para garantir sua eficiência. Tudo na vida tem regras para ser feito ou usado de maneira segura, desde um simples utensílio doméstico, como uma faca ou garfo, até uma máquina moderna e veloz, como um carro ou avião. Cabe a nós conhecer e respeitar essas regras, para não ficar sem um dedo um encurtar nossa vida de maneira desnecessária. Segurança é um exercício diário, que cria  um modo de pensar e hábitos em quem os pratica, e que pode até ser tachado de chato ou medroso por alguns, mas é a mais pura demonstração de inteligência e instinto de sobrevivência.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O Maior dos Milagres

Na sua passagem pela Terra, Jesus realizou vários prodígios, relatados pelos apóstolos nos quatro evangelhos que conhecemos, mas qual seria o maior dos milagres? Vemos relatos de curas, de multiplicação dos pães e peixes, da transformação de água em vinho, de passeios sobre as águas e pescarias surpreendentes. Também sabemos que houve transfigurações na presença de mortos, a ressuscitação de Lázaro e sua própria ressurreição após três dias. Mas muitos questionam a veracidade desses milagres e como não há provas materiais que tudo isso aconteceu, fica somente a fé naquilo que lemos na bíblia.
Se Jesus era mesmo uma divindade, não seria difícil realizar essas coisas, pois tinha o controle sobre as coisas materiais e era só usar o poder dado a ele por Deus, que criou tudo e pode fazer oque bem entender com esse mundo. Mas, se ele estava na condição de humano e assim como nós, sujeito ás limitações da matéria, seria mesmo tudo milagre, realizado por quem tinha poderes sobrenaturais. Deixando de lado sua condição de homem-deus, penso que o maior dos milagres operado por Jesus não foi nada físico, realizado por meio de forças ocultas, mas sim algo que para nós é tão difícil de realizar quanto uma caminhada sobre o mar: o perdão. Quando trouxeram até ele a mulher flagrada em adultério, estavam esperando um erro seu, para acabar com sua "farsa" de Filho de Deus e mostrar a todos que ele era apenas mais um "bebedor de vinho" como todos nós, mas tiveram uma surpresa. Jesus poderia tê-la condenado, pois havia respaldo da Lei para isso, e como a Lei tinha sido deixada por Deus á Moisés, não estaria fazendo nada que seu Pai não teria concordado. Se a absolvesse e fosse contra a Lei, estaria dizendo que Deus estava errado e poderia ser culpado de heresia, sacrilégio ou qualquer absurdo que ainda hoje se usa muito entre os religiosos de plantão. Mas Jesus resolveu apelar para a consciência de cada um, pois se apelasse para seus corações, sabia que não obteria sucesso. Todos temos "esqueletos nos armários", mas não nos damos conta disso; só quando somos lembrados e aí nos calamos, pois não há mais argumentos; foi oque aconteceu com os acusadores daquela mulher. E mesmo o próprio Cristo, que poderia fazer uso da sua condição de Filho do Criador para a repreender, preferiu dizer que não a acusaria e só aconselhou-a a não pecar mais, como alguém que aconselha a não fumar, por causa do mal a saúde. Ele correu um grande risco, pois poderia ser apedrejado junto com ela, se não soubesse dizer as palavras certas. Você seria capaz de correr esse risco por um estranho?
"Onde abundou o pecado, aí superabundou a graça" Rm 5, 20
Bem, vemos que mesmo que Jesus não tivesse realizado nada de incomum, ele era capaz de gestos e palavras fora do normal para aquela época e mesmo hoje, que temos seus ensinamentos sendo disseminados através das igrejas, da mídia e das redes sociais, não somos capazes de ações como as dele. Só quem era conhecedor do Amor Divino poderia ser capaz de tamanha misericórdia, de oferecer sua vida para salvar outra. Jesus conhecia a dureza dos corações dos acusadores, assim como conhecia o arrependimento no coração da acusada e a achou digna de sua graça, assim como achou todos nós dignos de seus ensinamentos e seu Amor. Se deixarmos de lado nosso ego, todos podemos ser capazes de milagres como esse que Jesus realizou naquele dia, enquanto escrevia na areia palavras de acusações, que deixou lá, para o vento apagar.

domingo, 18 de março de 2012

Religião X Doutrina

Falar de religião é algo complexo e que geralmente acaba refletindo a opinião pessoal. Pois bem, não vou tentar me omitir de dar minha opinião, pois é esse o propósito desse blog e por isso ele leva meu nome. Resolvi abordar esse tema depois de ver uma discussão no facebook, na qual um participante dizia que a religião escraviza; já outro disse que a doutrina escraviza. Mas, qual a diferença entre doutrina e religião?
 Religião é um conjunto de crenças, que reúne indivíduos simpatizantes, para eventos de culto, comemorações e participação na sociedade. A religião é o elo entre o crente (aquele que crê) e o divino; também torna os membros mais unidos em torno do mesmo propósito. Já a doutrina é o conjunto de ensinamentos e regras que é passado aos indivíduos de uma instituição. A doutrina não é só religiosa, podendo ser militar, política, filosófica, etc.; mas é na religião que ela acaba sendo mais poderosa, pois têm a função de disciplinar ( não é bem esse o termo) os fiéis e fazê-los obedecer aos mandamentos da instituição religiosa. A igreja usa o conceito de pecado para definir oque é lícito ou não fazer; o pecado está para a igreja assim como as leis estão para a sociedade. Mas é meio difícil dizer oque é pecado, assim como é perigoso dizer que ele não existe, como pregam alguns. O que é moralmente condenável na nossa sociedade pode não ser em outras, e cada pessoa tem sua própria opinião sobre oque é decente fazer de sua vida. Coisas que até pouco tempo atrás escandalizavam a sociedade, agora são consideradas normais, consequências da vida moderna. Lembro que quando era criança, não se comia carne na quaresma, porque era pecado, mas hoje são pouquíssimas pessoas que mantêm esse costume e até os padres já não condenam mais a desobediência dos fiéis. E a doutrina não é exclusiva na igreja católica, outras igrejas de diversas denominações costumam doutrinar os fiéis para que esses sigam à risca as regras e não questionem sua legitimidade; e isso é um dos fatores determinantes da doutrina, pois até os militares a usam para garantir que suas ordens sejam seguidas, pois questionar significa não acatar e resulta em punição ou exclusão. Se você questiona os ensinamentos de uma doutrina religiosa, você está indo contra o propósito "de Deus" e então não é merecedor da graça, resultando em repreensão ou o desligamento da comunidade religiosa. Também, nunca vamos ver uma religião admitir que outra pode estar certa também, pois isso daria margem para que seus seguidores pudessem escolher entre uma ou outra. A doutrina sempre vai pregar que essa é a única religião correta e que não há salvação em nenhuma outra, e isso acaba criando um preconceito, uma ideia de superioridade que muitas vezes culmina em intolerância religiosa. Por mais que não se veja aqui em nosso país pessoas matando por causa de diferenças religiosas, existem situações que causam grande constrangimento e são motivadas pela intolerância a diferenças, de orientação sexual,por exemplo, como o caso da "cura" de homossexuais, proposta por uma igreja. Ora, porque nunca vi igreja curar calvície, nanismo ou gigantismo, e outras características físicas que se apresentam de nascença. Talvez porque essas características não entrem em conflito com a doutrina religiosa dessas instituições. Sendo radical, vejo aí uma semelhança com a teoria da "raça superior", pregada por Hitler durante o regime nazista e que não admitia diferenças raciais, promovendo uma limpeza étnica que resultou no maior genocídio já visto pela humanidade. Parece um tanto presunçoso dizer quem está certo ou errado em suas crenças ou quem vai ou não vai pro céu. 
A religião é, em sua essência, algo muito bom para o ser humano, pois dela derivou a ética, a noção de moral e convívio em sociedade e também é ela que procura dar sentido à vida. Sem ela seria difícil um indivíduo que "não tem nada a perder" não sair por aí fazendo um monte de besteiras. A religião nos coloca mais próximos de Deus e dos nossos semelhantes, mas não devemos achar que só quem é da mesma religião é merecedor de nosso respeito, e também devemos respeitar a escolha de cada um, mesmo sem concordar, pois não temos o direito de julgar. Não sabemos quase nada sobre Deus, exceto oque outros humanos falaram, e cada um fala de suas experiências próprias, sua convicção de estar no caminho certo, sem se dar conta que pode ser um cego guiando outro cego. E, como disse Antoine de Saint-Exupérie, no livro O Pequeno Príncipe: "Somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos."
A Cruz e o Crescente: "Nao aposte em religião, através da religiao eu vi os mais variados fanatismos
serem chamados de a vontade de Deus. A santidade esta na ação justa e na coragem de proteger aqueles que não podem defender a si mesmos, e a bondade. O que Deus deseja esta aqui (na cabeça) e aqui (no coração) e através do que você fazer a cada dia, você sera um bom homem ou não" (filme Cruzada)

quarta-feira, 7 de março de 2012

Dia de Guidão

Hoje precisei ir até o centro de Curitiba resolver alguns assuntos, então decidi ir de moto, pois eram vários lugares e de ônibus ficaria complicado. Saí de casa pouco antes das nove da manhã e peguei a Av. das Torres, que depois vira Com. Franco; até o viaduto da linha verde foi tranquilo, mas logo depois já havia grande quantidade de carros no semáforo seguinte. Para quem está de moto não é problema, é só pegar o corredor e sair na frente, mas de carro isso significa alguns minutos a mais, pois são uns dois ou três ciclos para conseguir passar. Com a trincheira da R. Guabirotuba é para melhorar, mas logo em seguida há o Viaduto do Colorado, outro gargalo que até de moto é complicado; os carros ficam bem juntos, estreitando o corredor e há muitos ônibus. Passo ao lado de um "carrão", o "tiozinho" ouvindo música, com o braço pra fora, não sabe o perigo que é, tanto de um motoqueiro louco bater nele, como de um trombadinha levar seu Rolex (ou coisa parecida).  Assim nem blindado adianta, né tio?
Trânsito na Com. Franco (Av. das Torres) - foto: Linel Filho
Primeira parada, Rodoferroviária; sempre tem vaga pra motos, já para os carros...Resolvo rápido e vou para a  Mal. Deodoro; aqui o bicho pega, com as vagas de motos todas lotadas. Quando acha um espacinho, tem que pagar a caixinha dos guardadores. Até parece que quem usa moto pode ficar dando gorjeta; já ando de moto pra economizar! Vou para as transversais, também não tem vaga. Na André de Barros tá mais tranquilo, mas aí são três quadras de distância para onde eu quero ir. Não que eu me importe de caminhar, até tô precisando,  mas fico imaginando no ponto em que chegamos; a moto, que é um veículo para agilizar os deslocamentos, já sofre com a saturação do nosso trânsito, pois não tem onde estacionar. Se for pra fazer a coisa certa; não utilizar vagas de motofrete (que ficam vazias o dia todo) e não parar onde não deve, o motoboy não cadastrado acaba perdendo várias corridas; deve ser uma forma de forçar uma procura pela legalização do serviço, apesar das exigências um pouco custosas. Vejo o pessoal com as cargueiras, transportando água e outras coisas; todos moleques novinhos, encarando o trânsito selvagem de peito aberto, a lei ainda não os enxergou; quando um for parar debaixo de um biarticulado, daí vão tomar providências. Outros que não sofrem as restrições do CTB, são os entregadores de bebidas, com suas carretinhas elétricas. Ôpa, se é elétrica, não é propulsão humana, então não poderia transitar e estacionar sobre o passeio, mas também não oferece risco, apesar de atrapalhar um pouco. Na volta, sigo pela  Mal. Floriano Peixoto, pensando que no lugar das vagas de estacionamento ao lado da canaleta, poderia haver uma ciclofaixa, com 1,5m de largura, separada por uma barreira física que impedisse os automóveis de invadi-la; talvez os ciclistas parassem de usar a canaleta. Onde colocaria o estacionamento? No lado direito, ou nas transversais, ou sei lá, isso não é problema da prefeitura, é problema de quem insiste em deixar um bem particular ocupando um espaço público (também tenho carro).
Chego em casa pelas onze horas e fico pensando como sou privilegiado por trabalhar em um horário que não seja o de pico. Só o fato de não enfrentar esse estresse diário do transito já melhora muito a qualidade de vida, e gostaria de poder usar mais a bike  nos meus deslocamentos, pois ela diminui as preocupações com multas, estacionamento, custos de manutenção...mas ainda não temos uma rede de ciclovias que permita grandes deslocamentos e nossa legislação não facilita a vida de quem pretende adquirir uma bicicleta elétrica, que é enquadrada como ciclomotor, tendo que ser conduzida por pessoa habilitada, usando capacete motociclístico (!) e seguindo todas as regras de circulação do CTB; sem falar no preço delas, próximo de uma moto 0km. Acredito que ainda surgirá um político peitudo, que dará um basta nisso e fará uma revolução no trânsito e nas nossas vidas, tirando a preferencial dos carros e dando às bikes, até porque isso ajudará na sua carreira política, mesmo havendo chiadeira dos carrólatras no início. Mas depois todos saem ganhando, até quem não larga o osso, digo, volante.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Carrólatras e a Bicicletocracia, 2ª parte

No último post usei o meu exemplo para mostrar como os veículo fazem parte das diferentes etapas da nossa vida e que com as cidades pode ser semelhante. Hoje vivemos em um período de dominação do trânsito por parte dos automóveis, mas até quando isso será possível? Em São Paulo já é evidente a situação de caos que se instalou e as pessoas vegetam diariamente no transito, perdendo uma considerável parte das suas vidas presa dentro dos veículos e outras cidades, como Curitiba, já sentem os prejuízos do aumento descontrolado da frota de automóveis.
Bicicletas em Amsterdã, Holanda: substituem
os automóveis, independente da classe social
Se ir de carro para o trabalho acaba causando prejuízo para sua qualidade de vida, por que muita gente insiste em fazer isso? Não sou psicólogo nem sociólogo, mas acho que é a sensação de conforto e segurança, associado ao "status" que o automóvel passa, pois quem chega de carro ao trabalho tem sua imagem associada ao sucesso. Essa cultura que foi criada em torno do automóvel é que faz muitos não abrirem mão do seu carro em prol de um mundo melhor para todos: "Encarar ônibus lotado? Ter que pedalar e chegar no trabalho todo suado? Pedir carona e depender da boa vontade dos outros? Eu não! Deixa para os "greenpeace", que querem salvar o mundo." É mais ou menos isso que a maioria pensa e acaba colocando mais um carro com apenas um ocupante para aumentar as filas de congestionamento nas grandes cidades. Acredito que a maneira de mudar isso não é das mais suaves, pois se as pessoas não se conscientizam por conta própria, então é hora de entrar a intervenção do governo. Mas essa intervenção deve ser na maneira como as pessoas usam o automóvel e não na aquisição do bem. Ao invés de aumentar os impostos sobre a compra do veículo, deve-se taxar a sua circulação, através de pedágios urbanos, como já existe em algumas cidades como Londres, por exemplo (rodízio não é a solução); e também diminuir a oferta de vagas de estacionamento nas ruas de grande movimento dos grandes centros urbanos: o motorista sabe que vai pagar para circular com seu carro e ainda corre o risco de não encontrar vaga na rua, tendo que pagar estacionamento privado. Isso desestimula o uso do carro e incentiva o uso de meios alternativos de transporte, como ônibus, bicicletas e motos. Mas não basta apenas sobrecarregar o cidadão de impostos; tem que oferecer as alternativas, investindo em infraestrutura e qualidade. Se as vagas de estacionamento forem retiradas de uma rua, no seu lugar pode ser implantada uma ciclofaixa, para que pedalar no transito não seja um ato suicida, como é hoje. E o transporte público deve oferecer uma quantidade de ônibus suficiente para atender a demanda, sem estarem constantemente lotados nos horários de pico. Sem falar na pontualidade, que é essencial para o trabalhador. O comércio e as indústrias podem ajudar nisso, com a criação de horários alternativos para os funcionários e incentivar o uso da bicicleta para quem mora próximo. A integração de diversos meios de transporte pode ser uma boa idéia, também, como vagões do metrô que possibilitem o transporte de bicicletas, e um espaço reservado nos ônibus para que o passageiro possa levar uma bicicleta dobrável. As bikes elétricas (inclusive as alugadas) também são uma alternativa válida para quem não quer fazer muito exercício e mesmo assim contribuir para um transito melhor.
As possibilidades são muitas e gostaria de falar de cada uma delas em separado, detalhando as idéias para torná-las viáveis e atrativas para o povo. Mas, para isso começar a virar realidade, teria que surgir um governante que tivesse atitude para encarar a opinião pública e dar o primeiro passo significativo,assim com fez Enrique Penãlosa (ex-prefeito de Bogotá), sem medo de ser censurado por quem está na situação confortável de viver na atual sociedade carrocrata, que prioriza os interesses individuais de cidadãos e empresas egoístas, que visam apenas lucro e conforto. Quem está no poder deve isso à sociedade, pois foi colocado lá pelo povo, para que tome as decisões certas para benefício de todos e que acredito ser a base da democracia, transformada em sigla de partido que não faz jus ao seu significado.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Carrólatras e a bicicletocracia

"Brasileiro é apaixonado por carros", assim dizia um comercial, que exprime bem o sentimento que temos por nossos veículos motorizados particulares. Todo jovem que completou ou está próximo de completar 18 anos, sonha em comprar um carro ou uma moto, para se livrar da dependência do ônibus ou carona, mas seu primeiro meio de transporte particular geralmente é uma bicicleta. Se aprendemos a se locomover num meio de transporte de tração humana, por que, então, é tão importante adquirir um que seja motorizado? Vou tentar responder isso com meu próprio exemplo:
Quando era adolescente, tinha uma moto que servia para fazer trilhas, mas não poderia ser usada em vias urbanas, então, o deslocamento dentro da cidade era feito de bicicleta. Não só utilizava a bike para ir ao trabalho, como de maneira recreativa nos finais de semana e como complemento do treinamento durante a semana. A bike era "pau-pra-toda-obra", pois me ajudava a manter o condicionamento físico, servia para ir assistir as corridas de moto nas cidades vizinhas e para o trabalho. A moto era a "diversão". Até conhecer aquela que seria minha esposa. No início do namoro e primeiros meses de casado, a bike continuou a me acompanhar, no caminho do trabalho, mas a moto passou a ter uma importância maior, pois nos finais de semana era ela que nos levava para passeios e viagens, devidamente legalizada, claro. Quando veio a nossa filha, aí entrou em cena o carro, pois éramos três e moto não dava mais. Aí que comecei a abandonar a bike, pois o carro nos cativa com a segurança e conforto que proporciona, principalmente em dias de chuva e frio. Me desfiz de minhas bicicletas (tinha três) e passei a utilizar o carro para ir trabalhar. Rádio, ar-quente, um certo status, tudo isso superava o problema de gastos com combustível e manutenção e a dificuldade de estacionamento. Mas bastou a primeira dificuldade financeira para eu lembrar da boa e barata bicicleta. Atualmente, utilizo o ônibus e a moto de maneira alternada para ir ao trabalho, o carro só para sair com a família no finais de semana e a bike para lazer. Gostaria de usar mais a bike, pois minha saúde agradeceria e minha condição física melhoraria muito, mas como a distância da minha casa para o trabalho é maior e as condições da via não oferecem segurança, no momento fico só na esperança que um dia isso se torne possível.
Da esq. para a direita: Sérgio "Bolachário", Walter "Bactéria",
  Diofray  "Jaspionês" e  Adilson "Tuiuiú"; na Colônia Imperial
Santa Maria do Novo Tirol da Boca da Serra, em Piraquara, PR
Observando minha própria história, penso que com muitos países aconteceu o mesmo. Eles se motorizaram para acompanhar o progresso e os anos de "vacas gordas"; entraram em recessão, e tiveram que buscar meios alternativos de transporte. No Brasil não vai ser diferente, pois vivemos um período no qual as pessoas estão percebendo que não dá mais para continuar simplesmente colocando carros nas ruas; tem que se buscar maneiras de transporte individual ou coletivo que desafogue o transito e, de quebra, preserve a natureza. Se fosse só a questão ambiental, seria fácil: era só renovar a frota com veículos menos poluidores; mas temos a questão da mobilidade, cada vez pior nos centros urbanos. Nossos governantes podem promover essa revolução, e não precisa restringir a venda de automóveis, mas restringir a sua utilização e em troca oferecer opções que satisfaçam a necessidade de transporte das pessoas. Claro que isso não agradará a todos e surgirão focos de resistência, mas é necessário e todos ganharemos com isso. Assim como os fumantes estão percebendo os benefícios de uma vida sem cigarro, os carrólatras podem se livrar do vício de usar o carro todos os dias e passar a fazer parte de uma sociedade na qual a bicicletocracia aproxima as pessoas. No próximo post, pretendo discutir idéias que possibilitariam isso. Até lá.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Geração Ctrl C, Ctrl V

"Nossa, nossa
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego
Delícia, delícia
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego"

Para inserir esse trecho do hit do momento, precisei apenas de dois comandos: Copiar/colar; ou ctrl c/ctrl v. O cantor Michel Teló com certeza também não teve muita dificuldade para fazer o mesmo e com a ajuda de seu talento na interpretação, mais o carisma dos jogadores de futebol, conseguiu o sucesso que todos conhecemos. Copiar ou reaproveitar coisas não é um costume novo, mas parece que atualmente isso está ganhando uma força enorme; com a ajuda da internet e as redes sociais, que disseminam idéias com um simples clique em "compartilhar", uma música, um vídeo, uma foto ou simplesmente uma frase, podem ganhar o mundo através do Twitter, Facebook ou similares.Foi assim com a Luíza, que adquiriu fama da noite para o dia, sem mexer uma palha ou mesmo pedir isso.
O compartilhamento de idéias pode ser muito bom, pois muita coisa que antes só tínhamos acesso através da televisão, rádio ou jornais e revistas, agora ficam disponíveis para consulta a hora que quisermos, sem precisar esperar pela programação ou sair de casa para comprar. Notícias, vídeos, fotos, músicas, informações, programas, jogos, etc. estão lá, esperando seu clique, para baixar e copiar quantas vezes quizer, sem pagar nada pelos direitos autorais. Para quem baixa, ótimo, mas para quem queimou as pestanas para criar, nem sempre é tão vantajoso. Não estou querendo dizer que o controle ou proibição dos downloads é bom, como sugeria a SOPA, mas com certeza deve ser usado de maneira consciente, até porque começamos a viver em um mundo de clones, cópias ligeiramente modificadas, que não deixam de se tornar repetitivas e para isso basta observar a indústria automotiva, que vive do reaproveitamento, reeditando veículos seus e de outras marcas, apenas mudando uma coisinha ali, outra aqui, troca-se o logotipo e se dá um novo nome (alguns nem são tão novos assim). O consumidor compra um carro de uma marca e depois descobre que existe um clone de outra marca, às vezes até com preço melhor. Essa onda de copiar se estende à industria de eletrodomésticos, celulares e outras coisas; quem diga isso são os chineses, especialistas em copiar e baratear tudo que cai em suas mãos.
Os estudantes também descobriram o poder do copiar/colar para seus trabalhos escolares, não precisando mais pensar tanto assim; lembro do tempo que eu estava no colégio e tinha que ir à biblioteca, encontrar o livro, xerocar, ler e resumir com minhas palavras aquilo que entendi do texto, pois os professores não aceitavam simplesmente cópias manuscritas e faziam a gente apresentar o trabalho diante da classe. Isso ajudou a tomar gosto pela redação e agora estou aqui, tentando passar através desse blog algo que seja só meu, de minha autoria e sem copiar a idéia dos outros. Já observei que alguns blogs também são adeptos do ctrl c/ctrl v, mas aí acho que seria mais fácil apenas copiar o link, citar o autor e não fingir que está criando algo novo. O que é bom pode e deve ser divulgado, mas o mínimo que devemos fazer é respeitar a pessoa por trás do teclado, ou você acha que é fácil encher um espaço em branco utilizando todas as teclas do teclado?

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O Poder da Virada

Pode parecer que está um pouco tarde para falar de virada, já que o réveillon foi á dez dias atrás, mas para mim, a exatamente doze anos, iniciou-se a virada na minha vida. Lembro que quando estava para entrar o novo milênio, comentava-se sobre fim do mundo, bug do milênio e outras coisas que o povo gosta de exagerar, porém pra mim não havia nada de diferente em apenas mudar um dígito do calendário: saía o 1 e entrava o 2, simples assim. Pensava que isso não poderia influenciar de maneira alguma minha vida, tanto que no dia 31 de Dezembro de 1999, às vinte e três horas e mais alguma coisa, eu estava dormindo, sem vontade nenhuma de comemorar.
Naquele ano, minha vida estava um tanto sem perspectiva, não tinha muita motivação para o ano que iria começar: meu emprego não era aquilo que eu gostava de fazer; estava enfrentando algumas mudanças na minha rotina que me afastou de meus amigos e as coisas que mais gostava de fazer; e ainda não havia encontrado alguém para compartilhar minhas alegrias e decepções. O ano 2000 não prometia grandes mudanças, pensava eu, mas logo nas primeiras semanas, iniciou-se uma série de acontecimentos que mudaria radicalmente a minha vida. Começou por uma proposta de emprego, que aceitei mesmo sem saber no que daria, pois era pra trabalhar com aquilo que mais gostava: motos. Foi meu primeiro emprego com carteira assinada, oque me deu coragem para entrar num consórcio de uma moto e para minha surpresa, fui contemplado no segundo sorteio! No mês de Fevereiro, o segundo acontecimento: comecei a namorar, depois de alguns meses, juntamos as "trouxas" e fomos morar juntos. Uma loucura, em todos os sentidos. Mas foi muito bom, éramos "casalzinho novo", com uma moto zerinho, tinha recém tirado a habilitação e todo final de semana havia algo para fazer. Viajamos para várias cidades próximas, frequentamos todas as festas que ficamos sabendo, curtimos muito, como se fosse uma lua-de-mel sem fim. E logo descobrimos que a família iria aumentar muito em breve.
Morretes, agosto de 2000
A partir do momento que soubemos que teríamos um filho, aliás, filha, aí a ficha caiu. Comecei o ano só com meus pais, me sentindo um tanto só, sem grande esperança de mudança, e agora já sabia que seria pai! Minha vida nunca mais seria igual, teria minha própria família, pessoas que dependeriam de mim. A chegada do bebê estava marcada para Janeiro, talvez próximo do meu aniversário e como seria uma menina, escolhi o nome: Brenda. O ano de 2001 prometia muito mais que o anterior e não via a hora de comemorar com minha família todas as conquistas daquele ano. Mas, em Novembro, enquanto passeava com minha esposa e fazia planos para a chegada do bebê, talvez por causa daquele clima de festa e encantamento com as luzes do Natal, eis que a última surpresa do ano acontece: a Brenda resolve se adiantar e no dia 29 de Novembro de 2000, já nos conhecíamos na UTI neonatal do hospital N. Sra do Rosário. Claro que foi uma surpresa cheia de aflições e sofrimento, pois ela era muito pequena e requeria muitos cuidados, mas com muito esforço e dedicação, no Natal já estávamos todos reunidos. A partir daí, então, nunca mais duvidei do poder da mudança que se dá na virada de ano, mesmo que não tenhamos espectativas e planos, o destino pode nos reservar muito mais do que poderíamos sonhar...