sexta-feira, 29 de março de 2013

Sobre carros e sapatos

Foto: http://flaviogomes.warmup.com.br/tag/laika/
"Carro rebaixado é igual mulher de salto alto; é difícil de andar, mas fica um tesão..." A frase no vidro de um corsinha (enterrado, diga-se) me chamou a atenção, e mesmo sendo uma filosofia de "mano" (nada contra, nem a favor), não deixa de ter um fundo de verdade. Sapatos e automóveis têm mais em comum do que podemos pensar, pois ambos dizem muito sobre seus donos. Num mundo ideal, tanto um como outro poderiam ser usados todos os dias, nos mais variados tipos de pisos e ocasiões, mas como esse mundo não existe, temos que escolher qual carro ou sapato usar, de acordo com o momento. No caso dos sapatos, a coisa é mais simples, pois podemos ter vários pares, de diversos tipos e modelos, que não ocuparão tanto espaço ou custarão tão caro. As mulheres podem sair de casa com um salto de 15cm e ter na bolsa uma sandália ou tênis para imprevistos e terrenos irregulares, mas um carro é algo que tem custo relativamente mais alto e que precisa de espaço para ser guardado, então, tem que ser escolhido com cuidado. Um executivo pode optar por um sedã luxuoso ou um imponente SUV, que demonstrariam claramente o quão bem-sucedido ele é, mas não são veículos práticos e econômicos para o dia-a-dia. Já o jovem solteiro pode ter um esportivo para ir à balada e fazer sucesso com a mulherada, mas ficaria limitado a rodar apenas em locais bem pavimentados. Cada veículo tem um uso específico e consumidores certos, porém o ser-humano é um animal sentimental e não haje apenas pela racionalidade. Assim como as mulheres gostam de colecionar sapatos, os homens se deixam atrair por carros e se puderem teriam um de cada modelo para cada dia da semana. Como isso não é possível à maioria dos mortais, então resta escolher um e depositar sobre ele toda a sua personalidade, para se diferenciar em meio à multidão. Isso explica o porquê de vermos tantos carros baixos se arrastando pelas ruas. Por mais que um sapato de salto seja desconfortável, perigoso e prejudicial à saúde, não dá pra negar o impacto que eles causam tanto em homens como em mulheres (geralmente com um quezinho de inveja nelas). O carro rebaixado é assim também, chamando a atenção e causando inveja por onde passa. Claro que isso tem um preço, pago a cada lombada, cada buraco das nossas maravilhosas ruas, que não perdoam nem mesmo Ferraris. Na maioria das vezes, é o fator emocional que decide a compra do carro e a personalização segue esse mesmo caminho, contrariando a razão e os gostos alheios. É errado isso? Bem, desde que seja respeitada a lei, acho que não. Se te agrada, então o esforço vale a pena, mesmo que o torne alvo de críticas. Mas deve-se sempre respeitar os limites do veículo, pois ninguém vai correr no parque de sapato social: pode ser desastroso, tanto para o condutor do veículo rebaixado, quanto para outros que podem ser envolvidos em um acidente. Também deve-se realizar as modificações com total segurança, usando peças especiais e sem gambiarras e improvisos. No mais, é só curtir os soquinhos e que se abaixem as formigas!

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