domingo, 26 de fevereiro de 2012

Carrólatras e a Bicicletocracia, 2ª parte

No último post usei o meu exemplo para mostrar como os veículo fazem parte das diferentes etapas da nossa vida e que com as cidades pode ser semelhante. Hoje vivemos em um período de dominação do trânsito por parte dos automóveis, mas até quando isso será possível? Em São Paulo já é evidente a situação de caos que se instalou e as pessoas vegetam diariamente no transito, perdendo uma considerável parte das suas vidas presa dentro dos veículos e outras cidades, como Curitiba, já sentem os prejuízos do aumento descontrolado da frota de automóveis.
Bicicletas em Amsterdã, Holanda: substituem
os automóveis, independente da classe social
Se ir de carro para o trabalho acaba causando prejuízo para sua qualidade de vida, por que muita gente insiste em fazer isso? Não sou psicólogo nem sociólogo, mas acho que é a sensação de conforto e segurança, associado ao "status" que o automóvel passa, pois quem chega de carro ao trabalho tem sua imagem associada ao sucesso. Essa cultura que foi criada em torno do automóvel é que faz muitos não abrirem mão do seu carro em prol de um mundo melhor para todos: "Encarar ônibus lotado? Ter que pedalar e chegar no trabalho todo suado? Pedir carona e depender da boa vontade dos outros? Eu não! Deixa para os "greenpeace", que querem salvar o mundo." É mais ou menos isso que a maioria pensa e acaba colocando mais um carro com apenas um ocupante para aumentar as filas de congestionamento nas grandes cidades. Acredito que a maneira de mudar isso não é das mais suaves, pois se as pessoas não se conscientizam por conta própria, então é hora de entrar a intervenção do governo. Mas essa intervenção deve ser na maneira como as pessoas usam o automóvel e não na aquisição do bem. Ao invés de aumentar os impostos sobre a compra do veículo, deve-se taxar a sua circulação, através de pedágios urbanos, como já existe em algumas cidades como Londres, por exemplo (rodízio não é a solução); e também diminuir a oferta de vagas de estacionamento nas ruas de grande movimento dos grandes centros urbanos: o motorista sabe que vai pagar para circular com seu carro e ainda corre o risco de não encontrar vaga na rua, tendo que pagar estacionamento privado. Isso desestimula o uso do carro e incentiva o uso de meios alternativos de transporte, como ônibus, bicicletas e motos. Mas não basta apenas sobrecarregar o cidadão de impostos; tem que oferecer as alternativas, investindo em infraestrutura e qualidade. Se as vagas de estacionamento forem retiradas de uma rua, no seu lugar pode ser implantada uma ciclofaixa, para que pedalar no transito não seja um ato suicida, como é hoje. E o transporte público deve oferecer uma quantidade de ônibus suficiente para atender a demanda, sem estarem constantemente lotados nos horários de pico. Sem falar na pontualidade, que é essencial para o trabalhador. O comércio e as indústrias podem ajudar nisso, com a criação de horários alternativos para os funcionários e incentivar o uso da bicicleta para quem mora próximo. A integração de diversos meios de transporte pode ser uma boa idéia, também, como vagões do metrô que possibilitem o transporte de bicicletas, e um espaço reservado nos ônibus para que o passageiro possa levar uma bicicleta dobrável. As bikes elétricas (inclusive as alugadas) também são uma alternativa válida para quem não quer fazer muito exercício e mesmo assim contribuir para um transito melhor.
As possibilidades são muitas e gostaria de falar de cada uma delas em separado, detalhando as idéias para torná-las viáveis e atrativas para o povo. Mas, para isso começar a virar realidade, teria que surgir um governante que tivesse atitude para encarar a opinião pública e dar o primeiro passo significativo,assim com fez Enrique Penãlosa (ex-prefeito de Bogotá), sem medo de ser censurado por quem está na situação confortável de viver na atual sociedade carrocrata, que prioriza os interesses individuais de cidadãos e empresas egoístas, que visam apenas lucro e conforto. Quem está no poder deve isso à sociedade, pois foi colocado lá pelo povo, para que tome as decisões certas para benefício de todos e que acredito ser a base da democracia, transformada em sigla de partido que não faz jus ao seu significado.

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