terça-feira, 17 de abril de 2012

Fórum da Bicicleta

Estava devendo um post sobre o 2º Fórum Curitiba de Trânsito,realizado na última quinta-feira (12) do qual participei e teve como tema a bicicleta, e como disse antes, saí parcialmente satisfeito. Não pelo evento em si, que foi ótimo, mas por ver que ideias e soluções existem, assim como gente interessada e engajada na causa, porém aqui em Curitiba e muitas outras cidades, a coisa vai a passos de tartaruga, ou simplesmente não vai. A presença do secretário de urbanismo de Balneário Camboriú, Auri Pavoni, nos deixou "com água-na-boca", após apresentar tudo que está acontecendo por lá, e nos fez refletir sobre o porque que não acontece aqui. Promover uma revolução cultural e operacional no trânsito não depende só de campanhas educativas e meia dúzia de medidas paliativas, que resolvem um probleminha aqui, outro ali. Oque precisamos é uma mudança radical, visando alterar a "ordem natural" do trânsito, tirando a prioridade de circulação dos carros e devolvendo-a aos pedestres e ciclistas. Mas, como se faz isso? Não existe mágica, tem que diminuir o espaço dedicado aos veículos automotores, retirar vagas de estacionamento, estreitar ruas, restringir a circulação e diminuir a velocidade média. Precisamos de mais espaço para as ciclovias e não podemos obtê-lo através da diminuição das calçadas, pois o espaço do pedestre é sagrado, e somos todos pedestres, em algum momento vestidos de carro ou montados em bicicletas. Nossa cultura criou um mito que para se respeitar o direito constitucional de ir e vir, devemos ter a chance de estacionar nossos carro em frente ao local onde queremos chegar, para andar o mínimo possível a pé, mas isso é cada vez menos possível e temos que rever nossos hábitos. Quando a R. XV de Novembro foi fechada a circulação de veículos, imagino o estardalhaço que alguns fizeram; o mesmo que acontece hoje quando se fala em retirar vagas de estacionamento e se criar o pedágio urbano. Durante o fórum, fiquei sabendo de excelentes projetos, como a criação de uma zona central com velocidade limitada a 30 km/h; a retirada das vagas ao longo das canaletas, para receberem ciclofaixa no seu lugar; a criação de vagas abertas a não-moradores no primeiro pavimento dos prédios novos. Em Bal. Camboriú, a primeira vaga de cada quadra será destinada ao estacionamento de bicicletas e todo prédio na orla marítima tem que reservar espaço para bares e restaurantes;  o estreitamento de avenidas e a implantação de travessias elevadas faz com que haja uma diminuição da velocidade média no perímetro urbano. Em Curitiba também existem sinais de mudanças, como a retirada dos Ligeirinhos das lentas das canaletas, para que circulem dentro das canaletas ou pelas rápidas; isso por si só já aumenta a segurança dos usuários da ciclofaixa da Mal. Floriano, que lamentavelmente foi feita com uma largura fora do ideal. Os paraciclos finalmente saíram do papel e vão começar a operar, oferecendo aluguel de bicicletas e infraestrutura para os usuários. Durante o evento tive a oportunidade de conhecer um fabricante de bicicletas elétricas, que me pareceu uma ótima alternativa para quem quer utilizar a bike como meio de transporte sem perder o conforto, pois ela dá uma "mãozinha" nas subidas e não suamos tanto, resolvendo o problema da topografia de Curitiba, pouco favorável a bicicleta. Infelizmente o preço ainda é proibitivo, pois o governo não oferece incentivos fiscais para a sua comercialização, e o CTB cria empecilhos para sua utilização, exigindo coisas absurdas como capacete motociclístico e carteira de habilitação. Além de projetos, precisamos que as leis sejam revistas, para se adaptar aos novos tempos, que exigem meios de transporte mais racionais. Para finalizar, gostaria de dizer que estava errado quando disse que não havia político no Brasil capaz de promover tal revolução, pois o prefeito de Bal. Camboriú, Edson Renato Dias, o "Piriquito", provou que quando se tem coragem e determinação, pode-se fazer coisas fantásticas, como as que estão ocorrendo por lá. Fica o exemplo de quem não tem medo e não se importa com a opinião pública, mas somente com o bem-estar dos cidadãos. Certamente seu nome ficará para sempre no hall dos administradores públicos, associado a arrojo e vanguarda.

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